Na sexta-feira, o Brasil venceu a Bolívia em São Paulo para 46.342 torcedores. Até aí tudo bem, não? Quando foi apresentada a renda da partida, foram anunciados quase R$ 22,5 milhões. De longe, o recorde do futebol brasileiro. Afinal, o que é mais importante: o povo ou o dinheiro?
Erro de planejamento. Não há melhor definição para explicar a falta de público nos estádios brasileiros nessa Copa América após as três seleções de maior relevância terem entrado em campo. Os números não mentem: passados cinco jogos, a média de 25.000 pessoas por partida evidencia um problema muito além da atratividade dos jogos, mas sim o preço acima do que o povo pode pagar, desde a compra do ingresso até o pagamento por um refrigerante ou uma água.
Infelizmente, os responsáveis pelo futebol sul-americano acreditaram que a precificação deveria ser baseada no sucesso das vendas da Copa do Mundo (no próprio Brasil, por exemplo, a média foi de 53.592 torcedores por jogo) e das Olimpíadas, mas, inegavelmente, a Copa América ainda não atrai os olhares de indivíduos de todos os continentes. Há que se estudar o momento político e, principalmente, econômico do país-sede. Hoje, milhões de brasileiros estão desempregados e não podem se dar ao luxo de pagar R$ 120 (R$ 60 a meia entrada, que é o ingresso mais barato na fase de grupos) para assistir muitos dos melhores jogadores do planeta, mas faltar comida para as crianças e para o marido em casa.
O futebol é do povo! Mais do que entretenimento, o futebol se tornou uma ferramenta essencial para a inclusão social, independentemente da faixa etária. A competição em si é espetacular, mas falta gente. O calor dos latinos não é sentido em sua essência até então.
Agora, é torcer para que o afunilamento da competição atraia mais espectadores e amplie um número triste, contudo condizente com a realidade do bolso dos brasileiros e dos sul-americanos, no geral. Serve de teste para a Copa América do ano que vem, que será realizada na Argentina e Colômbia. Pobre torcedor! Rica Conmebol!
Comente