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FORD AMERICANA SEM CARROS DE PASSEIO. E O QUE ISSO SIGNIFICA?

A justificativa se baseia no fato da pouca procura desses modelos, e a característica enraizada no mercado norte-americano de que carro se compra por

No final de abril, a fabricante Ford anunciou que não investirá mais em carros de passeio nos Estados Unidos, focando no segmento de SUVs e Picapes. A exceção, entretanto, serão o lendário Mustang e o Focus Active, uma versão pseudo aventureira do hatch médio que será exportada em pequenos lotes da China. Assim, Focus, Fiesta e Taurus (o Fusion no Brasil) sairão de linha sem perspectiva de retorno. A justificativa se baseia no fato da pouca procura desses modelos, e a característica enraizada no mercado norte-americano de que carro se compra por metro quadrado.

No Brasil será um processo similar. A Ford pretende lançar um modelo ocupando a lacuna entre Ecosport e Edge, além de uma versão aventureira urbana do Ford Ka. A nova geração do Fiesta não veio e nem virá, assim como o irmão maior, o Focus que em breve sairá de linha.

Tal estratégia de comercialização simboliza uma tendência mundial. Não só a Ford e nem só os consumidores norte-americanos estão priorizando a aquisição de SUVs e picapes, mas sim o mercado generalizado. Portanto não será surpresa se outras marcas adotarem tal planejamento. O que agrava a decisão da Ford é que ela é a sétima fabricante automotiva mais valiosa do mundo, e justamente em seu berço automobilístico adota esse subterfúgio radical.

Essa predisposição do mercado vai contra às dificuldades de mobilidade e políticas de sustentabilidade ambientais. Os SUVs e picapes, por serem carros maiores e mais pesados, consomem mais combustível, gerando mais poluição. Além de trânsitos progressivamente mais caóticos e garagens cada vez mais estreitas. Na dinâmica de condução, são veículos com centro de gravidade mais elevado e sistemas de suspensão projetados para terrenos irregulares, resultando na estabilidade comprometida apesar dos diversos mecanismos de proteção eletrônicos. São racionalmente adequados, portanto, àqueles que trafegam por pavimentos que carecem de um veículo com maior distância do solo, robustez e tração eficaz. O segmento de SUVs no Brasil representa mais de 22% do total de vendas, perdendo apenas para o segmento dos hatches pequenos. O que é um número expressivo, dado que o SUV mais barato não sai por menos de 60 mil reais.

Para quem já fabricou Galaxie, Del Rey, Corcel e Rural é um futuro um pouco diferente do que os saudosistas esperavam. Que dê certo, senhora Ford.

Yuri Rodrigues Leite

ENTUSIASTA  AUTOMOTIVO DESDE OS TEMPOS DE VELOTROL, ME DEDICO EM BUSCA DE CONHECIMENTO TÉCNICO E MERCADOLÓGICO DO UNIVERSO AUTOMOBILÍSTICO. 
FORMADO EM ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO PELA UFOP.
TRABALHO ATUALMENTE NO RAMO DE ENERGIA – SUBESTAÇÕES. 
CARRO BOM É CARRO BEM CUIDADO!

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