COPA DO BRASIL

Nas mãos de Fábio, Cruzeiro vence Flamengo nos pênaltis e é penta da Copa do Brasil

Goleiro fez defesa importante em chute de Guerrero no fim do segundo tempo e brilhou ao pegar a cobrança de Diego, a terceira do rubro-negro. Raposa f

Fábio Deivson Lopes Maciel. Não importa quantos anos ou décadas se passarem, esse nome sempre estará guardado no coração de cada cruzeirense. Num futuro ainda distante, o torcedor que esteve no Mineirão na noite desta quarta-feira, 27 de setembro de 2017, contará para filhos ou netos sobre o feito do ídolo. Sobre um goleiro que vive a melhor fase na carreira, aos 36 anos. Da verdadeira muralha. Da grande intervenção no chute de Paolo Guerrero, aos 44min do segundo tempo, que poderia ser o gol do título rubro-negro. Não à toa Fábio é o jogador que mais atuou pelo clube, agora com 736 partidas. Na 13ª temporada consecutiva como titular, o camisa 1 foi decisivo em mais uma conquista. É o pentacampeonato da Copa do Brasil, que veio com muito drama e emoção. Depois de um 0 a 0 teimoso no tempo normal, o time celeste fez sua parte no tiro de 11 metros, marcando com Henrique, Leo, Hudson, Diogo Barbosa e Thiago Neves. Fábio defendeu a cobrança de Diego, a terceira do Flamengo, que anotou com Guerrero, Juan e Trauco. Foi o suficiente para alegrar a multidão cruzeirense no Gigante da Pampulha (56.467 pagantes e 61.017 presentes).Agora, a torcida do Cruzeiro pode bater no peito com orgulho e dizer que o clube é o maior vencedor da Copa do Brasil. Com o pentacampeonato, o time celeste se iguala ao Grêmio, que faturou a edição anterior. Também chegam ao fim dois jejuns. O primeiro do próprio Cruzeiro, que havia conquistado seu último título em 2014, quando levantou o troféu do Campeonato Brasileiro. O segundo é do técnico Mano Menezes, que estava desde 2009 sem celebrar um troféu (ganhou a Copa do Brasil pelo Corinthians).

No ranking de conquistas nacionais, o Cruzeiro superou o Flamengo. São nove taças celestes (quatro do Brasileiro e cinco da Copa do Brasil) contra oito flamenguistas (cinco do Brasileiro e três da Copa do Brasil). Apenas Palmeiras (12), Santos (9) e Corinthians (9) celebraram mais títulos que o time mineiro.

Na Copa do Brasil, a Raposa passou por Volta Redonda-RJ, São Francisco-PA, Murici-AL, São Paulo, Chapecoense, Palmeiras, Grêmio e, por fim, Flamengo. Em 14 jogos, venceu sete, empatou cinco e perdeu dois. Foram 23 gols marcados e nove sofridos. Rafael Sobis, com cinco gols, foi o artilheiro da competição – ao lado de Leo Gamalho (ex-Goiás) e Lucas Barrios (Grêmio).

Com mais um troféu, o Cruzeiro está garantido na fase de grupos da Copa Libertadores de 2018, torneio que não disputa desde 2015. Além disso, o time receberá R$ 6 milhões por ter vencido a competição e acumulará R$ 13,3 milhões em premiação pelas participações desde a primeira fase e um bônus da Caixa Econômica Federal (patrocinadora master).
ensão durante 90 minutos

A escolha do técnico Mano Menezes por Raniel durou apenas quatro minutos. No campo de ataque, o substituto do suspenso Rafael Sobis se machucou sozinho. Deixou o campo chorando, numa cena bastante comovente. Não apenas pela dor da enfermidade, mas por ter perdido a chance de se consagrar na decisão. Ciente do problema, a torcida o apoiou no momento da saída. Arrascaeta, autor do gol de empate no Maracanã, foi chamado. E o Cruzeiro, por sua vez, demorou a engrenar. Os 10 primeiros minutos foram do Flamengo. Tranquilo na troca de passes e detentor da posse de bola (chegou a ter mais de 70%), o rubro-negro quase arrancou o grito de gol de sua torcida aos 7min. Guerrero cobrou falta com categoria e acertou o travessão de Fábio, que estava no lance.

Passado o início turbulento, o Cruzeiro foi se acertando. Tão logo colocou a redonda no chão, lançou-se ao ataque. Aos 14 minutos, Arrascaeta perdeu grande chance ao bater com o pé esquerdo ao lado da meta de Alex Muralha. O uruguaio estava sem marcação no momento em que tentou o chute, após rebatida da defesa do Flamengo. Aos 15min, o camisa 10 voltou a aparecer, dessa vez em assistência para Thiago Neves, que, sem ângulo, finalizou de primeira e mandou por cima. Robinho questionou a escolha do colega, pois chegava fechado na pequena área e tinha condições de empurrar para as redes caso recebesse o passe.

Fora de campo, as torcidas de Cruzeiro e Flamengo travavam espetáculo à parte. Ora cantavam alto, no momento em que o time do coração atacava, ora baixavam o tom, quando o oponente tomava as rédeas da partida. Não faltaram os famosos gritos de “uuuhhhh” nos gols perdidos. Os cruzeirenses por pouco não vibraram aos 27min: em enfiada de bola de Robinho, Arrascaeta foi à linha de fundo, driblou Trauco e cruzou fechado, à direita de Muralha. Aos 35min, Thiago Neves tabelou com Hudson e se atrapalhou na hora de chutar. Mais uma vez, os torcedores celestes roeram as unhas. Aos 38min, os flamenguistas ficaram na expectativa com Berrío, mas a conclusão do colombiano foi à direita de Fábio. Em virtude da produtividade das equipes – receosas em fazer pressão em determinados momentos –, o empate por 0 a 0 no primeiro tempo acabou justo.

Na volta para o segundo tempo, o técnico Mano Menezes fez outra modificação na equipe, novamente por problema físico. Robinho – figura apagada nos primeiros 45 minutos – deu lugar a Rafinha. Embora a mudança tenha sido “forçada”, havia a expectativa de dar ao Cruzeiro mais velocidade pelas beiradas de campo e até uma contribuição na parte defensiva, já que o camisa 70 é um jogador versátil e taticamente aplicado. De fato, o time estrelado melhorou os números na posse de bola – atingiu 55% em 10 minutos –, mas encontrou dificuldades em função da ausência de um centroavante de ofício. Quando Alisson e Rafinha buscavam a linha de fundo, ficava apenas Arrascaeta, de 1,72m, entre os zagueiros Juan (1,83m) e Réver (1,93m). A bola alta era facilmente afastada pela retaguarda rubro-negra.

Tamanha era a dificuldade de criar um ataque perigoso que o Cruzeiro só foi ter outra chance clara aos 32min. Num chute venenoso de Thiago Neves, Muralha deu um tapa esquisito na bola e Arrascaeta, com a meta praticamente vazia, concluiu para fora. Já o Flamengo, que passou a maior parte do segundo tempo se defendendo, esteve próximo do gol do título aos 44min. Guerrero passou por Leo e exigiu grande defesa de Fábio. Nada de bola na rede no tempo normal. O jogo mais importante da temporada para cruzeirenses e flamenguistas caminhou para os pênaltis.

Vai que é tua, Fábio!

Quando Luiz Flávio de Oliveira encerou o tempo regulamentar, certamente veio a imagem na cabeça de cada cruzeirense a sofrida classificação contra o Grêmio, também na marca da cal. No jogo de volta da semifinal, Rafael Sobis, Raniel e Thiago Neves marcaram para a Raposa, enquanto Robinho e Murilo erraram. Dessa vez, Mano Menezes mudou drasticamente a lista. Apenas Neves foi mantido. Cruzeiro e Flamengo foram cirúrgicos nas quatro primeiras cobranças. Henrique e Leo marcaram para a Raposa. Guerrero – que quase perdeu – e Juan igualaram. Na terceira batida, Hudson manteve a Raposa em vantagem. Já Diego parou em Fábio. A cobrança do meia foi até forte, mas o goleiro cruzeirense acertou o canto e pegou. O mesmo canto que o consagrara nas semifinais diante do Grêmio, na penalidade cobrada por Luan.

A partir dali, o Cruzeiro dependia apenas de si mesmo. Diogo Barbosa fez 4 a 2. O Flamengo ainda manteve as esperanças em finalização de Trauco: 4 a 3. Mas Thiago Neves se encarregou do último pênalti e não desperdiçou: 5 a 3. A Raposa enfim resgatou o espírito copeiro das décadas de 1990 e 2000 e enriqueceu ainda mais a sua recheada sala de troféus!

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